Saindo de Casa
Esse post foi escrito no começo da semana porque agora, a gente provavelmente está voando!
Eu estava tendo alguns momentos de ansiedade e só agora me caiu a ficha: a gente vai viajar essa semana! 4 meses atrás, quando compramos nossas passagens, parecia que o dia, o dia em que a gente deixaria nossa casa, não chegaria nunca. Mas ele chega cada dia mais perto.
O Japão é muito legal, não teria como eu não estar feliz: eu amo a comida, a língua, a moda, a cultura, o estúdio Ghibli, mangás e muitas outras coisas. Eu mal posso esperar para colocar minhas mãos em um wagashi (docinho tradicional de lá).
Mas também estou nervosa. Eu sei que minhas crianças são barulhentas (para o nível japonês de barulho), nós somos barulhentos. A gente é grande, a gente come bastante, a gente tem tatuagens. Mas não é isso.
Eu não estou me sentindo esquisita porque a gente vai para o Japão. Eu estou me sentindo assim porque estou deixando a NZ, mesmo que seja só por um tempo.
Demorou um tempo para a ficha cair, e quando caiu, caiu com tudo.
Eu nasci no Brasil (aliás, todos nós, menos a Coral), morei no Japão e na Espanha. E eu nunca me senti em casa. Até chegar aqui.
Esse é o primeiro lugar aonde eu senti que pertencia, e não é porque eu tenho vários amigos, conheço tudo e todos – até porque não é assim. Eu só me sinto em casa quando estou aqui.
Não é um país perfeito, e eu nem acredito que isso exista, mas ele é perfeito para mim. Para nós, como família. E eu amo, do fundo do meu coração.
Acho difícil explicar, porque eu só sinto: me sinto relaxada, em paz e eu consigo só ser.
Amo poder deixar as crianças brincarem no parque sem precisar ficar de olho o tempo todo. Amo poder deixar os maiores darem uma volta de bicicleta sozinhos. Amo o sotaque neozelandês – mesmo tendo tido muita dificuldade pra entender. Amo a mistura perfeita entre cidade e natureza. Amo a diversidade das pessoas. Amo como as pessoas podem ser o que elas querem.
Ah, eu ouço! Ouço o ‘Por que está indo embora, então?’. Bom, a gente não está indo embora – só indo passear. Eu gosto de viajar, e eu quero muito viajar com as minhas crianças ao redor do mundo. E, bem, quem poderia me dizer quanto tempo a gente ainda tem pra fazer isso?
Se tem alguma coisa que esse começo de viagem me ensinou foi que se a gente não encara os medos, ele não vai embora. Quando a gente consegue olhar o medo nos olhos, muito provavelmente a gente enxerga que ele é infundado, inteiramente besteira. É aí que a gente consegue passar por ele, ou, quem sabe, abandoná-lo.
Agora, toda vez que eu me sinto agitada, eu sei o motivo. A única coisa que eu posso fazer é pensar que a gente vai voltar. E a gente vai voltar melhor do que a gente é, espero.
Morro de orgulho de você por estar concretizando esse sonho – e por saber que o mundo é nosso quando abandonamos nossas inseguranças.
Have a safe trip.
Amo tanto você, essa pessoa grande aí e essas pessoinhas crescendo… <3
beijos