Preparação

Our living room at the time

Nossa sala de estar no momento do post

 

Estou escrevendo esse post 2 semanas antes do começo da nossa viagem – ou 2 semanas antes da gente ter que sair dessa casa.

Estou no sofá, com caixas espalhadas por todos os lados – algumas vazias, algumas cheias, algumas pela metade – e uma xícara de chá de um lado. Do outro lado tem uma pilha de tecidos para eu fazer bolsas para meus meninos carregarem o tablet e o leitor de livro deles. Em frente, uma pilha gigante de DVDs para separar entre guardar, doar e jogar fora.

Já esvaziamos os guardarroupas e eles ainda parecem cheios.

Na verdade, estou desesperada. Estou nervosa, ansiosa, completamente pedida e me sentindo como se eu não fosse eu, então eu vejo essa pessoa com tanta coisa pra fazer, sentada em frente ao computador, calma e tranquila, e tenho vontade de gritar para que ela vá fazer alguma coisa útil. É assim que eu fico quando desespero: eu fico paralizada.

Para ser sincera, não tem muita coisa pra fazer. A maioria das coisas que vamos guardar está nas caixas. O que ainda não foi guardado é o que a gente ainda está usando. Nossas mochilas estão preparadas há um mês. A gente só precisa limpar a casa, esvaziar a casa e ir embora, afinal, estamos planejando essa viagem há muito tempo, apesar de só termos decidido há alguns meses.

A gente teve um tempo para pensar o que a gente ia fazer, e a gente continua pensando e mudando de ideia. Por exemplo, nossa primeira ideia foi comprar um trailer e viajar pela NZ por alguns anos. Pesquisando preços, marcas e modelos, decidimos que seria melhor a gente comprar na Europa e trazer pra cá. Mas gente, se a gente já ia até a Europa, não seria legal usar a campervan por lá antes? Decidimos começar a viagem em 2017, mas ir pro Brasil para o final do ano em 2016. Mudamos para fevereiro de 2016 porque minha avó ficou doente. Em janeiro de 2016 ela faleceu e a gente ainda estava aqui na NZ. Então decidimos ficar pela NZ e começar a viagem mais para o final do ano, para conseguir passar o natal com a família.

 

Our front yard, during the last stages of renovation

Nosso quintal da frente durante os últimos estágios da arrumação da casa

Foram tempos tenebrosos nos preparando para essa viagem – deixando tudo pra trás e simplesmente saindo, com 4 crianças. Eu passei mais de 1 ano pesquisando sobre viagens longas e nômades digitais. Quando a gente decidiu que faria também, tivemos que comprar muita coisa: mochilas, sapatos, capas de chuva, roupas mais leves e que secam rápido, livros digitais e os leitores. Vacinas, clima, “slow travel”, comida, primeiros socorros. Passamos horas e mais horas em lojas tentando encontrar tudo o que a gente precisava. Passamos o dobro disso dirigindo. E 5 vezes mais de tempo pesquisando. E eu ainda tenho muitas dúvidas.

A gente teve muita sorte em muitas coisas: a gente teve condições de comprar tudo (demoramos mais de 6 meses, mas conseguimos) sem nos endividar, vendemos muitas das nossas coisas por preços justos. A casa foi vendida mobiliada, então não precisamos nos livrar de quase nada grande. Tivemos amigos que ofereceram lugar para guardar nossas coisas. As crianças, apesar de casnadas, foram ótimas e ajudaram bastante. Ninguém ficou doente nesse meio tempo.

Mesmo assim não deixou de ser cansativo pra caramba. Reformamos a casa, fizemos os pequenos trabalhos que a gente deixou de fazer em todos os anos que moramos lá, pintamos por dentro e fora, ajeitamos. Tivemos que quebrar vários paradigmas (principalmente estabilidade e segurança). Pasamos mais de 6 meses assim. Depois veio a fase da venda: foi só um mês que parece que durou 4 anos. A gente precisava deixar a casa brilhando todos os dias, o dia inteiro, porque alguém poderia vir ver a casa a qualquer momento. Não podíamos deixar as crianças tirarem livros e materiais de arte porque fazia muita bagunça. Não podíamos chamar pessoas para nos visitarem – principalmente crianças. A gente ia à biblioteca e deixava os livros no carro. E a gente precisava sair da casa toda vez que alguém vinha ver. Nosso mês foi passado ou limpando ou esperando no carro.

Depois que vendemos a casa, a gente pensou que ia poder descansar, mas ah, ledo engano! A gente tinha coisa pra comprar, amigos de quem nos despedir, encontrar lugar para morar depois de sair da casa, limpar a casa das coisas que os novos donos não queriam, guardar nossas coisas e limpar e limpar.

E ainda cheia de dúvidas e inseguranças sobre nossas escolhas.

…..

 

Estou terminando essa postagem depois de 2 semanas de descanso, no Tongariro National Park Village, às 2 da manhã, ao lado da lareira, depois de uma xícara de chá, enquanto o Angelo foi ver a Coral. Tivemos um dia ótimo, cheio de trabalho para mim e para o Angelo – terminamos esse site, finalmente – e um dia cheio de brincadeira para as crianças – Lego. Eles brincaram o dia todo de Lego Minecraft Diaries.

 

Mount Ngauruhoe, Tongariro National Park, at sunset

Monte Ngauruhoe, no Parque Nacional de Tongariro, ao pôr do sol.

E tudo o que eu sinto é gratidão pelas escolhas que eu pude fazer. Nesse momento, estou bem segura de que tudo vai dar certo e vai ser ótimo, apesar de saber que nem sempre as coisas serão assim.

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6 respostas
  1. Cris
    Cris says:

    Wow! Vocês são uma inspiração… Não vejo a hora de nos encontrarmos.

    Já deu tudo certo, e se os planos mudarem, não é pq deu errado, é pq mudaram e pronto…

    Beijos

    Responder

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