Machu Picchu, Peru, com crianças: o guia
Levar as crianças para conhecer Machu Picchu foi um dos momentos mais memoráveis da nossa viagem até agora. Foi LOUCO, foi emocional, foi intenso.
Fomos pra lá em abril de 2017. Nesse guia, vou contar tudo: desde o planejamento, passando pelo transporte, custos, comida, o tempo!
Vai ser um post bem longo!
Alerta de altitude!
Machu Picchu fica à 2430 m acima do nível do mar!
Planejamento
Quando decidimos que iríamos pro Peru, a gente sabia que iria pra Machu Picchu. Como não? Mas aí me machuquei e não sabia se ia conseguir. Depois de ir pro hospital e ver na tomografia que não tinha nada de errado com o meu cérebro e receber um remédio pra tontura, decidimos ir.
Começamos a correr atrás de entrada, passagens, hostéis, decidir quanto tempo ficaríamos, o que daria pra ver, etc.
Em primeiro lugar, saiba que o Vale Sagrado, aonde fica o Machu Picchu (e mais um monte de cidades) fica em uma altitude considerável (são 2430 m). Não deve causar muitos problemas, já que não é muito alto, mas tome algumas precauções pra evitar passar mal (tomar água e evitar muito exercício nos primeiros dias).
Decidimos ir pra Cusco primeiro, porque é mais alto. A gente estava em La Paz, que fica quase na mesma altitude, e só depois ir pro Vale Sagrado.
Como a gente não gosta de fazer tudo correndo, decidimos ir de Cusco pra Aguas Calientes, ficar alguns dias, e depois ir pra Ollantaytambo e passar mais alguns dias. Só então, voltar pra Cusco (o aeroporto fica lá) e voar para Lima direto. Funcionou bem!
As entradas para Machu Picchu
Agora, com um plano mais ou menos feito, a gente foi no site do Ministério do Turismo do Peru pra comprar as entradas. Crianças pagam menos, mas não dá pra comprar pelo site. Por lá, só as entradas de valor inteiro.
O site do Ministério do Turismo é bem útil, dá pra ver quantos ingressos ainda têm por dia e dá pra checar vários anos pra trás, assim dá pra ter uma ideia se dá pra esperar pra comprar ou não. Dá pra comprar pessoalmente em Ollantaytambo ou Aguas Calientes.
Conversamos com a nossa host de Cusco e ela nos indicou o Adamo, que é um agente, e comprou as entradas pra gente (depois que a gente mandou cópias de todos os passaportes). Ele foi no nosso apartamento de Cusco entregar as entradas. Fácil!
Transporte para Machu Picchu
Machu Picchu não é facilmente acessado. De Cusco, a gente precisou pegar um taxi até Ollantaytambo (1~2 horas), um trem de Ollanta para Aguas Calientes (também conhecida como Vila Machu Picchu) de 1,5 hora. É aonde fica a estação de trem Machu Picchu. De Aguas Calientes, tem um ônibus que vai pro sítio arqueológico. Demora uns 20 minutos.
Quando não é época de chuvas, dá pra ir de Poroy (pertinho de Cusco) até Aguas Calientes. Significaria perder Ollantaytambo, mas é uma perna de viagem a menos.
Compramos as passagens de trem online e o Adamo arranjou um taxi para nos levar de Cusco à Ollantaytambo.
O caminho todo, de Cusco à Aguas Calientes, é lindíssimo! Vale a pena fazer a viagem de dia só pra aproveitar a paisagem.
O trem
Tem duas companhias de trem que vão à Aguas Calientes: Inca Rail e Peru Rail. A gente foi de Inca Rail porque era mais barato. É um trem ótimo, a viagem é linda e o lanche oferecido é bem bom. As bebidas foram muito gostosas.
A Peru Rail oferece mais opções, incluindo o super chique Hiram Bingham.
Uma das coisas para se saber é que a Inca Rail diz que só se pode levar uma mala de 5 kg por pessoa, mas depois de passar dias falando com eles, eles disseram pra gente levar as malas. A gente ia ficar uma semana no Vale Sagrado, não tinha como deixar as malas. A gente ia precisar de quase tudo. No final das contas, todo mundo do trem estava com todas as milhares de malas gigantescas. A gente só precisou deixar em uma estante na entrada do vagão. As malas pequenas foram com a gente.
A vista é incrível o tempo todo e deu até pra ver umas ruínas do trem. Bem legal!
Ah, a gente foi até a loja Inca Rail de Cusco pra pegar as nossas passagens, mas eles têm postos de troca em Lima e em Aguas Calientes. Não esqueça os passaportes.
O ônibus
O ônibus de Aguas Calientes para Machu Picchu anda por um caminho bem sinuoso subindo a montanha. As crianças amaram, mas eu fiquei morrendo de medo o tempo todo. É uma viagem de uns 20 minutos, e saem ônibus a cada 20 minutos, mais ou menos.
Custa US$ 25 por adulto ou US$ 12,50 por criança ida e volta. Dá pra comprar só ida ou volta, e é exatamente a metade do preço, mas aí precisa fazer uma perna andando. A gente preferiu ir de ônibus.
As passagens podem ser compradas em um quiosque na margem do rio (todo mundo conhece, é só perguntar. Também pode comprar quando for passear pela cidade, você vai passar por lá). Leve os passaportes na hora de comprar e na viagem, eles checam nas duas vezes. Pergunte pro vendedor a melhor hora, muda de acordo com a estação. Disseram pra gente que às 5 da manhã chegava a ter horas de fila. e que a melhor hora era lá pelas 7 da manhã. A gente pegou o ônibus das 8 e pouco, sem fila nenhuma – mas estava bem cheio.
O sítio arqueológico de Machu Picchu
Quando a gente desceu do ônibus, ainda não viu sinais do lugar. Tinha os restaurantes, os banheiros, e um monte de gente. Muitos guias lá, oferecendo o serviço. A gente não contratou nenhum porque a gente queria ver com calma e, se a gente precisasse, contratava um depois do almoço. No final das contas, ficamos sem mesmo.
Tinha uma fila grande, mas rápida, aonde precisamos mostrar as entradas e os passaportes (sim, precisa – e o original). Depois disso, ainda andamos uns 5 minutos pra realmente VER.
Quando vimos, ficamos boquiabertos. É enorme, é lindo, é de tirar o fôlego. E lotado.
Tinha vários grupos grandes, de 20~30 pessoas, indo para o lugar mais alto do sítio, então a gente fez o contrário: foi pra baixo.
Andamos, só andamos. Nem tenho palavras. Foi incrível! Entramos e saímos de salas, ficamos rodeados por paredes perfeitas, as vistas maravilhosas, foi simplesmente perfeito.
Têm vários guardas em todos os lugares, eles ficam monitorando para ninguém fazer nada idiota (leia perigoso ou que possa danificar alguma coisa), e eles usam os apitos pra chamar a atenção. A gente ouviu apitos o dia todo. Melissa levou bronca 2 vezes, uma porque ficou de pé em uma pedra (uma bem grande), e outra porque estava desenhando na areia. Tirando isso, pudemos correr, brincar, comer, descansar, sentar por aí e tudo.
Eu achei bem incrível como tudo é perfeitamente alinhado, simétrico, organizado e limpo! Eu só vi um papel de bala no chão, e a gente levou pra jogar fora com o nosso lixo.
Tem uma caminhada para o Portão do Sol, que demora umas 2 horas cada perna. A gente não porque, quando descobrimos quanto tempo demora (pra gente ia ser mais do que o estimado) já estava tarde. Ainda assim, aproveitamos.
O Angelo, o João e a Mel foram ver a ponte Inca. Eu fiquei no meio do caminho com o Zé e a Coral porque ficamos com medo do caminho. É muito alto e umas partes do caminho são bem estreitas. A ponte, aparentemente, é meio sem graça.
Ah, e tem MUITAS escadas em todos os lugares. Meus joelhos doeram por alguns dias.
Que mais? É muito, muito lindo! Amei! Ahhh!!! Choveu de tarde. Foi uma garoazinha de uns 20 minutos ~ meia hora, mas o lugar ficou ainda mais lindo na chuva!
A Coral (5) amou correr, brincar de esconde-esconde e pega-pega. A Mel (13) não curtiu nada. Você pode ler o post dela aqui. Depois de levar brinca nos primeiros 15 minutos, ela decidiu que não gostou. O Zé (9) achou legal, mas tudo muito igual. O João foi o único que gostou mesmo – ele queria passar pelos caminhos escondidos, subir e descer múltiplas vezes, e sempre tinha alguma coisa pra falar.
Lhamas
Tinha lhamas. A gente estava esperando ver muitas lhamas espalhadas pelo sítio todo, mas não. Elas ficavam todas juntas. Quando uma mudava de lugar, todas iam junto.
Foi uma das coisas que as crianças mais gostaram. As lhamas tentaram morder nossas mochilas. A Coral tirou várias fotos das lhamas, fez amizade com uma fotógrafa e tudo. As lhamas nem ligaram pra gente. Uma vez, estávamos esperando o Angelo sentados e as lhamas decidiram correr. HAhahaha. Elas saíram correndo, quase atropelaram os meninos. Sorte que eles perceberam e saíram do lugar antes de serem pisoteados. .
E outra vez, quando estávamos voltando da ponte Inca, uma das lhamas estava bloqueando o caminho tentando comer as folhas de uma árvore. Ela ficou ‘de pé’, só com as duas patas traseiras no chão. Foi divertido.
O clima
A época de chuvas vai de outubro a abril, e a época seca vai de maio a setembro. A gente esteve lá no final de abril e só viu chuva na tarde em que fomos pro Machu Picchu. No resto, foi sol.
A época seca tem mais visitantes, com julho e agosto sendo a época mais lotada.
De manhã, ficava um pouco gelado. Lá pro meio dia, quente. E quando choveu, esfriou de novo. Se vista em várias camadas e leve uma capa de chuva que deve ficar tudo bem.
Comida
Logo na entrada, tem 2 restaurantes: um buffet e uma lanchonete. O buffet estava custando US$ 42 por pessoa, que é MUITO além do nosso orçamento, então fomos pro café. Não foi barato, nem muito gostoso, mas foi tranquilo e foi ótimo porque não precisamos ficar carregando comida o dia todo. É coberto, mas sem paredes. Deu pra comer com as vistas maravilhosas do lugar.
Estava bem cheio, e a gente ficou esperando uma mesa vagar e ainda precisou se sentar antes das pessoas saírem – tinha outras pessoas (muitas outras) esperando um lugar também.
* editado julho de 2017: as novas regras
Novas regras entraram em vigor para os visitantes de Machu Picchu a partir de 1 de julho de 2017. O documento completo pode ser lido aqui, em espanhol, mas pelo menos é oficial.
Resumindo, você só vai poder ir ou de manhã (6~12 da manhã) ou de tarde (12~17:30) com um guia oficial, e vai ter que escolher um dos 3 circuitos oferecidos, sem ficar passeando. Também não dá mais para sair e entrar no sítio. Não sei como eles vão fazer com o banheiro, porque o único que tinha ficava fora. Só por segurança, vá ao banheiro antes de entrar.
Aguas Calientes, ou Vila Machu Picchu
A cidade é bem pequenininha e a gente andou muito por lá. Deu pra ver de cabo a rabo sem cansar.
A comida é deliciosa, mas bem mais cara do que em qualquer outro lugar do Peru. Quando mais longe do centro, mais barato. Pagamos, em média, US$ 100/refeição.
No nosso tempo lá, ficamos no hostel Urpi, que foi OK. Foi caro, podia estar mais limpo, mais quente, mais organizado. Não tem cozinha, então não tinha a opção de cozinhar. A gente ia pra lojinha de manhã e eles nos levavam até o restaurante aonde tomaríamos café no dia. O café era mais ou menos, um pão por pessoa, margarina, geléia, chá, café e suco. Tinha ovo também. O suco podia ser de caixinha ou natural, dependia do restaurante do dia. Se você é novo no Booking.com, entre por esse link para se cadastrar – assim a gente recebe uma pequena comissão sem custar nada pra você. O quarto dos meninos era bem barulhento porque tinha uma janela que dava para a rua. O quarto das meninas não tinha nenhuma janela.
A cidade tem muitas lojas de massagens, mercadinhos, restaurantes. Tirando isso, só uma piscina termal, que não visitamos.
É linda, vale um dia da sua visita. Não precisa de muito mais do que isso. Um dia para ver a cidade e um dia para ver Machu Picchu devem ser suficientes.
Ollantaytambo
Se você vai pegar o trem em Poroy, provavelmente não vai passar por lá, mas eu preciso dizer que eu AMEI Ollanta!
A gente ficou na Tumy House B&B e foi perfeito! Estava limpo e o café da manhã era delicioso! Super indicado pra famílias, perto de tudo. O pessoal foi excelente. Recomendo fortemente. Se você é novo no Booking.com, faça o seu cadastro por esse link. Assim, a gente recebe uma pequena comissão, sem custo algum pra você.
Ollanta é uma cidadezinha super charmosa, e tem ruínas. Vale alguns dias da sua viagem. A comida lá é uma delícia e razoavelmente mais em conta do que em Aguas Calientes.
As ruínas de lá parecem bem legais, e dá pra ver da cidade. A gente não visitou porque era muito caro e a gente já tinha gastado tudo o que podia em Machu Picchu e Cusco. Perto das ruínas, tem o Chocomuseo, que tem umas coisas deliciosas.
Também tem a Ponte Inca lá, mas não vale a visita. A vista do rio é linda.
O pessoal do hostel foi buscar a gente na estação de trem de mototaxi, e foi muito divertido. Passamos 3 dias lá e amamos todos eles!
O que levar
– algumas roupas quentinhas, pelo menos pra dormir. A maioria dos lugares não tem aquecedor e fica bem geladinho de noite.
– protetor solar e chapéu! O sol é muito forte. Lembre de reaplicar sempre, mesmo quando está nublado.
– capas de chuva. Quase tudo é ao ar livre, então melhor prevenir do que ficar preso no quarto.
– passaportes. Vai precisar pro trem, pra Machu Picchu, pro ônibus. Leve.
– Repelente! Tem tantos, mas tantos pernilongos irritantes!
– câmera fotográfica – com carregador, baterias e cartões de memória!
– um sapato confortável, não precisa ser de caminhada porque as trilhas são bem estabelecidas e tranquilas. Um sapato fechado é melhor.
Dicas
– Nós fomos no final de abril, vimos quase nada de chuva e aparentemente, estava vazio (a gente achou cheio, mas de acordo com os locais, estava tranquilo). Foi uma época ótima! A época mais cheia é entre julho e agosto.
– Tem um limite no número de pessoas que pode visitar o sítio por dia, então cheque o site e planeje – compre as entradas com antecedência se acha perigoso ficar sem.
– Não tem lixo por lá. Leve uma sacolinha pra você jogar o seu lixo e leve embora.
– Se você quer subir a montanha de Huayna Picchu, você precisa marcar com antecedência. Essa caminhada é quase sempre cheia. É uma caminhada meio perigosa. A gente desistiu depois de ver fotos.
– Você pode fazer a trilha de 4 dias até Machu Picchu, mas se você tem crianças, provavelmente não vai. Não sei detalhes porque não fizemos também.
– Eu sugiro que se vá direto pra Aguas Calientes, passe uns 2 dias, vá pra Machu Picchu e só vá pra Cusco depois que estiver aclimatizado.
– Você pode entrar o sítio 3 vezes, no máximo, no mesmo dia e com a mesma entrada. Quando sair, coma, vá ao banheiro, faça tudo de uma vez.
– Tem vários guias lá na entrada, não precisa marcar antes do tempo. O sítio é lindíssimo, não se precisa de guia pra aproveitar o lugar MAS, com certeza, teria sido mais informativo com um.
– Machu Picchu não é a única ruína no Peru, só é a mais famosa. Tem vários outros sítios mais baratos. Ainda assim, acho que vale a pena ir!
– A água no Peru não é potável, então você provavelmente vai precisar comprar. A gente comprou um galão e enchia nossas garrafas.
– Lembre de levar tudo o que eu falei no ‘O que levar’.
– Deixe que as crianças brinquem, mas fique de olho para que não se machuquem ou machuquem os outros.
– Descanse. Leve um livro, ou simplesmente sente e aproveite. Vale MUITO a pena!
– De manhã cedinho ou no final da tarde tem menos gente.
– Os banheiros e restaurantes ficam fora do sítio.
Custos
Custou pra gente NZ$ 634 de hostel. A entrada de Machu Picchu foi NZ$ 222. O ônibus custou NZ$ 170. Os trens custaram NZ$ 780. O taxi de Cusco pra Ollantaytambo e de Ollanta até o aeroporto de Cusco custou 400 soles (mais ou menos NZ$ 172).
No total, foram NZ$ 1968 (mais ou menos US$ 1400), sem contar comida, pela semana que passamos no Vale Sagrado.
Não foi barato, mas valeu muito a pena! E é isso! Espero que tenha sido útil!
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