Carta de amor ao Japão
OK, Japão, estou escrevendo isso tomando um pouco do meu último pacote de chá do Japão, no Brasil, sentindo saudades olhando as fotos da nossa última viagem até você, em setembro de 2016.
Eu não acho que você seja perfeito, e nem acredito que isso exista. Sei de muitos dos seus defeitos, e alguns deles são bem graves. Minha família não conseguiria morar aí mais, mas você é um lugar perfeito para umas férias. Definitivamente, é. Casa e comida são mais baratos que muitos lugares, é fácil passear usando transporte público e tudo é demais.
Em primeiro lugar, a comida. Existe algum lugar no mundo com comida melhor? Uma pena que não é um bom lugar para vegetarianos. De qualquer jeito, a comida japonesa é a minha favorita de todos os tempos. E nenhum restaurante japonês no mundo inteiro, nem mesmo os com funcionários exclusivamente japoneses, consegue fazer uma comida tão boa quanto a sua. Acredite em mim, eu testei muitos deles.
O que eu não daria por um ramen de verdade, um hijiki gohan (arroz com a alga hijiki), um umeboshi curtido em mel?
Mas não é só isso, claro que não. A segurança em andar pelas ruas livremente, aquilo é demais. A gente quase não sentia medo, sabia que o transporte público é confiável e que a gente estava seguro. Era incrível andar pelas ruas às 11 da noite, só nos preocupando com o barulho das crianças. Até andar nos trens lotados era divertido.
E como é lindo! Que lugar incrível, você é. Era incrível a qualquer hora do dia, mas eu amava mais naquele momento entre o pôr do sol e a noite, quando o calor diminuía, as luzes acendiam e tudo parecia mágico.
Você é um país pequeno, mas ainda assim, têm tanta coisa que é muito louco! Disney e Universal, mais o monte de parques temáticos que a gente não pôde visitar. Vamos manter tudo na lista para a próxima viagem, que não demorará tanto para chegar. O Museu da Ghibli por si só é maravilhoso e vale uma viagem para o Japão. Também tem montanhas, praias, rios, lagos. Castelos, ninjas e samurais. As coisas kawaii que fizeram a nossa alegria.
E olha que a gente nem foi para a Ilha das raposas ou dos coelhos, Shirakawa-go, Okinawa….
As casas também são incríveis: pequenas, funcionais e fácil de viver. Apesar da gente ter uma certa dificuldade em entender como funcionam os endereços, nas poucas vezes que a gente precisou (sem internet móvel, as coisas ficavam um pouco mais difícil), a gente ainda conseguia encontrar o que precisa ou queria. Podia demorar mais, mas….
As lojas quase sempre são fofas, extremamente organizadas e bem atendidas. Como isso é possível? A gente ficava doido, apesar de não poder comprar mais nada por causa das malas cheias. Para ser sincera, a gente se divertia tanto nas lojas que eu vou parar de reclamar.
Também amava que todos os caixas perguntavam várias coisas para quem estava comprando, em japonês, fosse um local ou um turista, mesmo que a pessoa não estivesse entendendo nada. Acredito eu que seja um sinal de confiança, do tipo ‘Eu acredito que você consegue me entender!’. Não deve ser uma experiência muito tranquila para quem está comprando. Era divertido ver o Angelo voltando do caixa lotado de coisas que a gente não tinha pedido.
‘Gostaria de uma maçã?’
‘Sim’
‘É para viagem?’
‘Sim.’
‘Quer um vale no valor de 500 yens?’
‘… sim… ‘
‘Você têm um cartão fidelidade?’
‘… sim…’
‘…’
‘…’
‘Posso ver?’
‘… sim…?’
‘…’.
Ah, e a internet móvel funciona de verdade, em quase todos os lugares! Muito boa! Eu nem sei quantos ovos de Pokémon eu consegui abrir de dentro de trens em movimento. Também era ótimo para pesquisar pequenas coisas que a gente sempre esquecia de salvar, como a melhor saída da estação de trem ou o restaurante de ramen mais próximo.
Ah, e claro, tem meu pai, avô das minhas crianças. Tivemos uma semana ótima com ele. Cuide dele aí.
Então, deu pra perceber que a gente te ama e sente saudades? Porque é verdade.
Nos vemos em breve, muito em breve!
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